São Bernardo cria rede para combate às drogas

Parece uma casa comum, com três quartos, sala, cozinha, banheiros. Porta-retratos ainda vazios são evidências de que os moradores acabaram de chegar. Seis deles passaram a primeira noite ali de terça-feira para ontem, mas há capacidade para até 15 dependentes de álcool e drogas na república terapêutica inaugurada ontem, a primeira das cinco que serão instaladas em São Bernardo até o fim do ano. Unidade semelhante funciona no bairro Taboão desde 2010, voltada a crianças e jovens.

O investimento é de R$ 70 mil, mais R$ 25 mil mensais para manter a estrutura. A verba é do Ministério da Saúde. A ideia, conforme o secretário de Saúde Arthur Chioro, é que as repúblicas sirvam de apoio para os usuários em tratamento nos dois Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas e perderam os vínculos familiares. “É uma forma de evitar que a pessoa retorne para a rua e, consequentemente, para o vício.”

A estimativa da Prefeitura é que há cerca de 300 dependentes químicos em situação de rua no município, mas o atendimento das repúblicas não é para todos, como evidenciou o prefeito Luiz Marinho (PT). “Eles precisam querer se recuperar e ter força de vontade para retomar a vida, estudar, trabalhar. O apoio da família é essencial, então buscamos resgatar laços perdidos.”





As repúblicas terapêuticas serão inauguradas próximas aos Caps-AD, que servirão de suporte no caso de recaídas e outros problemas clínicos. Segundo Chioro, como parte da rede de atendimento que está em formação na cidade São Bernardo, a cidade ganha até o fim de março outro Caps-AD, na região do Alvarenga. “Aqui tratamos o dependente como ser humano e cidadão. Não temos intenção de agir com repressão, como está sendo feito na Capital”, afirmou, referindo-se à operação policial na Cracolândia, que começou no dia 3.

INTERNAÇÕES

Chioro repeliu também a possibilidade de haver internações contra a vontade dos pacientes no município. “Nosso trabalho é de convencimento e criação de vínculos”, disse, destacando a atuação dos consultórios de rua, que conseguiram atrair dois dos moradores da república.

Um desses moradores é Márcio Marques Fortini, 35 anos, usuário de álcool e drogas desde os 17 e ‘limpo’ há cerca de 45 dias. “Desde os 23 anos que quero abandonar o vício e retomar minha vida. Aqui vejo a chance de voltar a estudar, quem sabe fazer faculdade, e arrumar emprego fixo. Agora tenho endereço.”

Fonte: Diário do Grande ABC





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