São Bernardo lança investida contra a febre maculosa

Para evitar novos casos fatais da febre maculosa, que tem vitimado principalmente crianças e adolescentes da região do Grande Alvarenga, a Prefeitura da cidade de São Bernardo do Campo, por meio da Secretaria de Saúde, lançou um plano de combate à doença que prevê a capacitação de profissionais de saúde, a sensibilização de líderes comunitários, mutirões nos domicílios, palestras em escolas, captura de animais e desinsetização, entre outras iniciativas.

O surgimento da febre maculosa em São Bernardo é relativamente recente. As primeiras notificações da doença são de meados da década de 80, mas o primeiro caso autóctone foi registrado em 2001. A moléstia tem início súbito com febre alta ou moderada, que dura de duas a três semanas, acompanhada de outros sintomas, como forte dor de cabeça, calafrios e vermelhidão nos olhos.

No terceiro ou quarto dia após o início da febre, podem surgir manchas róseas ou avermelhadas pelo corpo, inclusive nas palmas das mãos e planta dos pés, além de hemorragias e necrose. É possível haver o comprometimento do sistema nervoso central, causando torpor e agitação psicomotora, além de outras complicações, como tosse, congestão pulmonar e pressão baixa.

Em São Bernardo, a transmissão de casos concentra-se na área do Grande Alvarenga, mais especificamente nos bairros Parque dos Químicos, Vila União, Cooperativa, Jandaia, Silvina e Pinheirinho. São áreas rodeadas por vegetação densa, infestadas por carrapatos e com circulação de animais. Embora o número de casos notificados anualmente seja pequeno, a taxa de letalidade da doença nos últimos dois anos foi de 100%. A maioria das vítimas está na faixa etária abaixo dos 18 anos.

Em 2007 foram registrados quatro casos, e todos os doentes morreram. Em 2008, dos quatro pacientes com febre maculosa, dois vieram a óbito. Em 2009, foram notificados dois casos e ambos foram fatais. No ano passado, dois adolescentes e um adulto de 28 anos também morreram por causa da doença. Este ano, a febre foi diagnosticada em um menino de 13 anos, morador no Parque dos Químicos, que também faleceu.





A Divisão de Veterinária e Controle de Zoonoses já desenvolve medidas de prevenção e controle há alguns anos na região do Grande Alvarenga, entre elas a aplicação de parasiticidas em animais e a colocação de placas avisando sobre o risco de carrapatos em matagais.

No novo plano de ação contra a febre maculosa, a capacitação e atualização dos trabalhadores da saúde para a identificação e notificação da doença é uma das primeiras etapas. Desde a semana passada, médicos, enfermeiros e gerentes das unidades básicas de saúde e de pronto atendimento estão discutindo aspectos epidemiológicos, manejo clínico e protocolos sobre a doença. As orientações sobre a doença serão estendidas a agentes comunitários, coordenadores administrativos das unidades, apoiadores, lideranças comunitárias e conselheiros de saúde em uma ampla reunião que está prevista para 10 de maio, às 8h30, no Cenforpe. Paralelamente haverá outras palestras e encontros com professores, pais e alunos das escolas do Grande Alvarenga, Jardim Silvina e Cooperativa.

Entre as ações de campo, que serão deflagradas a partir de maio, a Secretaria de Saúde pretende recolocar placas de aviso em áreas de risco de infestação de carrapatos e promover mutirões casa a casa para distribuição de folhetos, especialmente nos territórios abrangidos pelas UBSs Jardim das Orquídeas, Vila União, Jardim das Oliveiras, Alvarenga, Jardim Silvina, Jardim Nazareth e Alves Dias.

A captura e aplicação de parasiticidas em grandes animais é outra estratégia que será adotada, sendo que os equinos e bovinos recolhidos só poderão ser resgatados por seus proprietários com o compromisso de que esses animais não retornarão ao bairro. As residências dos casos suspeitos ou as casas próximas que apresentarem alta concentração de carrapatos poderão ser desinsetizadas.

Farto material de divulgação será utilizado pela Prefeitura para conscientizar a população sobre os riscos da febre maculosa. Serão distribuídos 60 mil folders e 500 cartazes nos bairros pertencentes ao Grande Alvarenga, cujos acessos principais também receberão faixas de alerta sobre a doença.

Fonte: Prefeitura de São Bernardo





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